Bem-vindos ao meu blog.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
CELEBRAÇÃO DE 10 MIL ACESSOS
MUITO OBRIGADO PELOS 10 MIL ACESSOS!!!
ESPERO CONTINUAR DIGNO DESSA HONRA!
PAULO GUSMÃO
ESPERO CONTINUAR DIGNO DESSA HONRA!
PAULO GUSMÃO
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
CONTRATO COM EDITORA COMERCIAL
Passei o dia ansioso, angustiado . Olhava o e-mail de 10 em 10
minutos.
Não queria ter expectativa. mas era mais forte do que eu.
Tentava me convencer que não me decepcionaria com uma negativa,
mas me sentia
mentindo.
Às 19 hs, desliguei celular, saí de casa , refleti:
Quando tento e não consigo, posso sempre tentar novamente,
mas
quando tento e meu objetivo se afasta, é hora de deixar de
interferir, e confiar que o que já foi semeado trará seu
fruto. Não afogar a semente
regando-a demais, não tapar osol com minha presença
constante.
Me senti leve, finalmente .
Ao chegar em casa, varios e-mails, publicação aprovada, reunião
com comercial, agente,
distribuição, marketing..
Oh, Deus...
Muito obrigado.
Continuo pedindo apenas que seja digno dessa honra. E que
através da realização do
meu sonho possa ajudar o maior número de pessoas que
minhas palavras puderem alcançar.
Paulo Gusmão
domingo, 10 de novembro de 2013
PRIMEIRA EDIÇÃO ESGOTADA
Atualização - 13/11
Editora rodou mais 100 exemplares da primeira edição para atender a demanda entre as edições.
Uma excelente notícia, a Saraiva fechou compra de livro para distribuição nas lojas . Em 15 dias , Rio e São Paulo terão o livro disponível para entrega imediata.
Estamos rodando uma segunda edição, que deve sair em 1 semana.
Repercussão do programa do Jô foi imensa, estou muito agradecido.
A entrevista foi a quarta mais assistida da semana , com mais de 4000 acessos em 5 dias.
Muito grato a todos pela felicidade e motivação que estão me proporcionando.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
EM PRIMEIRA MÃO
Para quem acompanha o blog, vou adiantar um pedido que fiz no programa do Jô ( não é a tal surpresa do final, que permanecerá surpresa).
Na conclusão do meu livro, digo que muitas estórias e informações ficaram de fora, perguntas frequentes no consultório não foram respondidas.
Ontem, enquanto aguardava ser chamado para o estúdio de gravação, fui até o camarim do pessoal do Biquíni Cavadão, e assim que entrei fui metralhado com perguntas:
- Comer fibra demais prende ou solta?
- Azeite na frigideira faz mal pra saúde?
- O que é melhor, manteiga ou margarina?
E por aí foi...
Isso me deu a idéia para meu próximo livro.
Quase sempre, no final da consulta , falo : - " Está bom?" e o paciente responde: - " Só mais uma dúvida, Dr..."
Logo antes do programa criei o endereço de e-mail drpgusmao@globo.com e disse no ar que meu próximo livro se chamaria : " Só mais uma perguntinha, doutor...". O Jô gostou muito do título e da ideia.
Pedi aos telespectadores que mandassem suas dúvidas para o e-mail divulgado, do qual selecionarei 100 a 150 questões para montar o livro.
Então, em primeira mão, peço aos leitores do blog que comecem desde já a enviar suas perguntas para darmos início a essa obra compartilhada.
P.S.- Descobri que um Dr. Tom Smith publicou um livro cujo título em inglês era " Doctor , have you got a minute ? " e em português ficou sendo " Doutor, só uma perguntinha...".
Tradutor danado... De : Doutor, o Sr. tem um minuto? Para isso... Vou ver o que fazer.
Mania de tradutor brasileiro, essa licença poética. Por isso que " The sound of Music" virou " Noviça rebelde", " The Graduate" passou a ser " A primeira noite de um homem" e " The Godfather" assumiu a alcunha de " O poderoso chefão", entre tantos outros exemplos.
Na conclusão do meu livro, digo que muitas estórias e informações ficaram de fora, perguntas frequentes no consultório não foram respondidas.
Ontem, enquanto aguardava ser chamado para o estúdio de gravação, fui até o camarim do pessoal do Biquíni Cavadão, e assim que entrei fui metralhado com perguntas:
- Comer fibra demais prende ou solta?
- Azeite na frigideira faz mal pra saúde?
- O que é melhor, manteiga ou margarina?
E por aí foi...
Isso me deu a idéia para meu próximo livro.
Quase sempre, no final da consulta , falo : - " Está bom?" e o paciente responde: - " Só mais uma dúvida, Dr..."
Logo antes do programa criei o endereço de e-mail drpgusmao@globo.com e disse no ar que meu próximo livro se chamaria : " Só mais uma perguntinha, doutor...". O Jô gostou muito do título e da ideia.
Pedi aos telespectadores que mandassem suas dúvidas para o e-mail divulgado, do qual selecionarei 100 a 150 questões para montar o livro.
Então, em primeira mão, peço aos leitores do blog que comecem desde já a enviar suas perguntas para darmos início a essa obra compartilhada.
P.S.- Descobri que um Dr. Tom Smith publicou um livro cujo título em inglês era " Doctor , have you got a minute ? " e em português ficou sendo " Doutor, só uma perguntinha...".
Tradutor danado... De : Doutor, o Sr. tem um minuto? Para isso... Vou ver o que fazer.
Mania de tradutor brasileiro, essa licença poética. Por isso que " The sound of Music" virou " Noviça rebelde", " The Graduate" passou a ser " A primeira noite de um homem" e " The Godfather" assumiu a alcunha de " O poderoso chefão", entre tantos outros exemplos.
PROGRAMA DO JÔ
Foi mágico, sensacional, um encontro inesperado entre meu passado musical e meu presente médico/literário.
Imperdível, com direito a grande surpresa no final.
IRÁ AO AR DIA 05 DE NOVEMBRO.
Imperdível, com direito a grande surpresa no final.
IRÁ AO AR DIA 05 DE NOVEMBRO.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
PRINCÍPIO DA SOBREPOSIÇÃO QUÂNTICA E SAÚDE
Não deixem o título assustá-los. Não
sou expert em mecânica quântica, não sou físico ou filósofo, mas no sentido
geral de entreter, informar e motivar, dessa vez vou me arriscar um pouquinho.
O mundo quântico, das partículas
subatômicas, dos fótons, elétrons e outras coisinhas bem pequeninas, parece ter
regras que diferem do cenário clássico descrito pelas leis de Isaac Newton.
Nesse micro mundo quase mágico, um elemento
pode se comportar como partícula ou como onda, pode estar em dois lugares ao
mesmo tempo, e pode também ser duas coisas diferentes no mesmo instante.
Um físico chamado Schroedinger, para
explicar uma dessas esquisitices, que ficou conhecida como sobreposição
quântica, apresentou um modelo experimental onde um gato trancado em uma caixa
com um frasco de veneno que seria quebrado caso determinado movimento molecular
dentro da caixa acontecesse , estaria, até que a mesma fosse aberta e alguém
observasse o que aconteceu, vivo e morto ao mesmo tempo.
Como digo no livro acho que as
sofisticações existem para nos ajudar quando é preciso e acho ótimo que existam
mentes brilhantes desenvolvendo equações gigantescas para descobrir de forma
compreensível as grandes perguntas do universo. Mas um pescador feliz da vida e
que nunca ouviu falar do gato do Schroedinger me ensina tanto ou mais do que o
físico austríaco.
Mas vamos lá, tentar unir os dois:
Do ponto de vista prático, nosso
mundo é plástico, no sentido de ser moldável. Nossa realidade não é imutável, longe
disso, e estar infeliz é na maioria das vezes o resultado de uma sequência de
más escolhas ou de nenhuma. Nosso livre arbítrio não é gerenciado pelo
determinismo e lógica, senão não seríamos humanos, e sim vulcanos. O mundo das
escolhas é quântico.
Imagine seu presente e suas ações e
decisões como fatores modificadores de seu futuro, e à medida que escolhe A ou
B, uma metamorfose de sua realidade vai se processando à sua frente.
Ficar sofrendo, paralisado, mantendo
a mesma rotina, no entanto, aumenta muito a probabilidade do futuro não se
modificar.
O que nos remete à conversa sobre identidade.
Muita gente que ainda está com exames
normais, não sente nada, não usa remédio nenhum, mas vive nos excessos, em uma
identidade irresponsável, apresenta um momento de sobreposição de uma personalidade
negligente com as necessidades do corpo, mas um organismo que ainda resiste aos
abusos. Como na mecânica quântica, esses estados dissociados não perduram e
mais cedo ou mais tarde, corpo e identidade confluirão.
Por outro lado, se uma pessoa que
está com problemas de saúde toma a decisão de mudar seus hábitos e vivenciar
uma identidade saudável, teremos um momento de sobreposição onde ao mesmo tempo
coexistem saúde e doença. Nesse caso o
corpo se transformará para confluir com a identidade saudável criada.
Já vi essas transformações
acontecerem e é maravilhoso. Um rapaz de 16 anos com 110 kg, múltiplos
problemas psicológicos adotar uma identidade saudável e ver seu corpo mudar,
seu exames normalizarem, sua mente ficar leve, a felicidade fazer parte de sua
vida, seu futuro se transformar como um punhado de argila na mão de um
talentoso escultor.
Algumas vezes, vejo o brilho nos
olhos de alguém saindo do consultório, inspirado, motivado, com o firme
propósito de parar de sofrer e tornar sua vida mais feliz, e enxergo nesse
momento uma sobreposição quântica. A essência saudável e o corpo doente em
coexistência.
Renovar esse brilho diariamente é
transformar o mágico em real.
É sair da caixa de Schroedinger e mostrar ao mundo:
Estou vivo.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
SAINDO DA DIETA
Quem leu o
livro ou já se familiarizou com os escritos do blog, sabe que dieta não é
regime alimentar, é forma de viver, e que sou totalmente favorável a uma alimentação
que priorize o que o corpo precisa mas transite através de paladares variados
como parte do exercício de sua liberdade, saúde social, mental, cultural.
Hoje uma
paciente me disse que saiu da dieta. No final de semana, com a família, tinha
comido um pedaço de pizza.
ISSO NÃO É
SAIR DA DIETA.
Celebrações,
viagens, encontros familiares, românticos, entre outros, apresentam variações
alimentares ao que tradicionalmente se busca para o bom funcionamento orgânico.
Mas o fato de uma refeição nesse cenário não ter uma proteína magra, ou um
carboidrato complexo, ou salada ou legumes, estar mais carregada em açúcar ou
sal ou mesmo gordura, não impede que a mesma seja usufruída como parte de um contexto
saudável.
O PROBLEMA
NÃO É O ALIMENTO, É O COMPORTAMENTO.
Sair da
dieta não é tomar um sorvete com o filho em um domingo, ou comer pipoca com a
namorada no cinema. Sair da dieta é abandonar sua vida saudável e buscar o
excesso, principalmente quando ele tem a conotação de gratificação,
compensação, forra. Ué, se está feliz, leve, com bem-estar, está indo à forra
de quê? Está compensando alguma
carência? Qual?
Quem mantém
esse discurso de sair da dieta não criou identidade, está interpretando papel,
sendo personagem. Quem fala em escapulida, escapada, pulada de cerca, fugida, considera a vivência de hábitos saudáveis uma sentença, e os excessos , prazeres.
Se a saúde para você é um sacrifício,
e é nos excessos que encontra prazer, por favor, comece de novo, do primeiro escrito do
blog. Leia o livro, repense, e depois conversamos novamente.
domingo, 13 de outubro de 2013
IDENTIDADE OU PERSONAGEM?
Admiro os atores que conseguem
interpretar personagens completamente distintos de suas personalidades na vida
real. Afinal, é bem mais fácil desempenhar um papel quando as características
do personagem e do artista são similares. O grande desafio é o de um ator
gentil interpretar um sádico vilão, ou uma atriz tímida fazer o papel de uma prostituta
lasciva.
Mas são profissionais. Estudam e se
preparam por muito tempo para isso.
A composição de um personagem pode
levar meses: O gestual, o modo de falar, o olhar, por vezes nos bastidores de
uma gravação vemos alguém sair e dizer que o ator tal já acabou de gravar, mas “ainda
está no personagem”.
Muitas vezes, no consultório, ao
entregar um cardápio, rotina de exercícios e hábitos para um cliente me sinto
como se estivesse entregando um roteiro. Não gosto quando me sinto dessa forma.
Dá-me a impressão que estou passando as características de um personagem que
quero que o cliente interprete durante a duração do tratamento.
Mas e depois de terminadas as “gravações”,
como ficaremos?
O “artista” sairá do personagem e
retomará sua identidade original?
Insisto, portanto, que o tratamento
passe não por uma interpretação do papel de uma pessoa saudável, mas pela
construção de uma identidade conectada à saúde.
Não há sustentabilidade nos benefícios
recebidos pela interpretação de um papel, motivado por medo, estética ou outro.
Quando algum peso se perder, quando o desconforto passar, o artista encerrará a
performance.
Olhe para si mesmo.
Se sua vida é predominantemente
estressante; se sua atividade física, inconstante ou inexistente; e se sua
alimentação, caótica; imagine um filme onde você está desarmando uma bomba e
corta o fio errado. A bomba não explode, mas o tempo do cronômetro até ela
explodir passa a rodar muito mais rapidamente.
Então, em vez de uma pessoa cuja
identidade está conectada ao movimento, ao gerenciamento do estresse e à
alimentação, e que tem tempo, teremos um desesperado, correndo e gritando: “Vai
explodir, vai explodir!!!”.
Já vi desempenhos dignos de Oscar,
pessoas que estavam em pleno exercício da alimentação, movimento, bem estar
elevado, exames normalizados, mas depois de um tempo via-se que tudo não
passava de uma inconsciente encenação.
Seja sincero e honesto consigo mesmo.
Abandone definitivamente e sem olhar
para trás o comportamento ansioso, compulsivo, ligado às gratificações compensatórias,
elementares, primitivas, o sedentarismo, e comece a construir uma sólida
IDENTIDADE na saúde. SEJA aquela pessoa, leve-a para todos os lugares (até para
aquele resort all-inclusive no Caribe). Até porque, mesmo só, estará muito bem
acompanhado.
Alimente-se do que seu corpo precisa,
e visite as gastronomias dos eventos sociais, familiares, românticos,
culturais.
Conecte-se ao movimento, e sempre que
possível gere ação física, de preferência visitando seus limites para manter
seu corpo sempre interessado em ter reserva.
E para cada jornada na intensidade de
uma tarefa, um mergulho na serenidade da quietude mental.
Deixo ao seu livre arbítrio a decisão se fará do acima
descrito o roteiro de um personagem, ou algumas das características de sua
identidade, de quem você É.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
O CARA-PÁLIDA E A NATUREZA
Em 1996, fiz um “workshop” em uma casa na Gávea sobre o
efeito curativo das plantas. Foi ministrado por um índio Tchucarramãe chamado
Kaká Werá.
Cheguei lá
ávido pelo conhecimento, para aprender que planta servia para que doença, estava ansioso.
Realmente aprendi muito, só não foi como eu
imaginava.
O índio começou a falar, e sua
sabedoria invadiu o jardim onde estávamos reunidos. Disse que, em primeiro
lugar, para aprender a lidar com as ervas e raízes como índios, precisaríamos
aprender a ver a natureza como eles.
Com reverência.
O pajé era um ser de grande
sabedoria, respeito e responsabilidade na tribo, e sua postura perante a
natureza é aquela de um discípulo perante seu mestre. O homem branco acha que a
natureza está ali para servi-lo, ele que se apossa de tudo, se acha dono dos
rios, das matas, dos céus. Como disse o chefe Sioux Tatanka Yatanka ao
presidente americano Franklin Pierce na imperdível carta de Touro Sentado, “... Como podes comprar ou vender o céu - o calor da
terra? Tal ideia nos é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da
água. Como podes comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as
praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas
escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. Sabemos
que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele
um pedaço de terra é igual a outro. Porque ele é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua
inimiga, e depois de explorá-la, ele vai embora”.
Kaká nos explicou que para obter o poder curativo das
plantas, era preciso ser digno, honrado, humilde e agradecido perante uma força
tão infinitamente maior que nós mesmos.
Isso me derrubou das minhas bases de cara-pálida possessivo,
dominador, arrogante, presunçoso.
Fizemos uma dança, na qual além de batermos no nosso próprio
peito, valorizando nosso ego de guerreiros, dançávamos de joelhos dobrados,
demonstrando humildade perante a natureza.
Depois disso, nos ensinou a pedir licença à mãe terra para
colher as plantas, e a cada colheita seguia-se um sinal de respeito, de gratidão.
A preparação das ervas e raízes, das tinturas e dos extratos
era feita em uma cuia que simbolizava o útero, e com um pilão, representante
fálico daquela fecundação da qual nasceria uma substância com poder curativo.
Saí desse final de semana transformado e nunca mais olhei
para uma planta do mesmo jeito.
Para mim, todas as plantas são projeções dessa força imensa, a
qual devo reverência, respeito e gratidão.
Quando saio pelas ruas, é comum me ver passando a mão pelas
folhas de arbustos, árvores e plantas que encontro pelo caminho.
Como os lutadores que quando entram no estádio vão passando a
mão pelos expectadores, trocando energia, cumprimentando, vou fazendo “High-five”
com minhas amigas.
Quando estou estressado ou chateado, geralmente sento no
banco perto do consultório e fico segurando uma folha ligada à terra, como que
em contato com a sabedoria do simples, de um ser pleno em sua função no planeta e
que no entanto precisa de tão pouco.
Uma vez um colega riu de mim, achando aquilo ridículo.
Respondi:
- Digamos que você é apaixonado por Maria. Mas seu amigo
Pedro tem indiferença por ela. A simples presença de Maria próxima a você lhe
causará embrulho no estômago, nervosismo, taquicardia, reações físicas. Maria ,
no entanto, pode sentar no colo de seu amigo Pedro e nada disso ocorrerá. Então,
só porque você infelizmente é indiferente à força das plantas, não me diga que
o efeito que sinto ao tocar nelas é besteira. O que sinto é real.
Estamos cercados (ainda) pela natureza. Como sentir-nos sós e
desamparados, com tantos seres sábios, generosos, plácidos e prontos para nos
dar as mãos?
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
CAVALO DE TRÓIA
Há algumas semanas, no consultório, estava conversando com
uma paciente sobre sua dificuldade em controlar a ingestão de doces. A mesma tem
baixa tolerância a açúcares, já produz grande quantidade de insulina, à qual já
é resistente, está obesa e caminha a passos largos para diabetes franca, já que
mais cedo ou mais tarde ou o pâncreas cansa, ou a glicose, que quando alta é
tóxica, vence a insulina.Quando a glicose abundante se une a
proteínas, reação conhecida como glicação, forma-se um composto que agride a
parede dos vasos e as membranas celulares. A glicação é a base patológica das
principais doenças relacionadas à obesidade, diabetes e síndrome metabólica.
Imagine um carrapicho correndo pelas suas artérias e veias. É parecido.
Conversando com ela, tentando convencê-la de que seu estado
era delicado, porém reversível, e que sua compulsão por doces era uma atração
desequilibrada por algo que a estava destruindo, ela me disse:
- Ah, doutor, fiquei a semana toda sem comer doces, no final
de semana tive uma festa pensei: Quer saber, vou me presentear.
Presente de grego esse.
O que nos leva ao título.
Presente de grego é uma referência ao cavalo de Tróia, descrito na Ilíada de Homero como um artefato colocado junto aos portões da sitiada, mas resistente Troia. Os troianos consideraram o cavalo um tributo da Grécia, admitindo sua derrota após 10 anos de guerra e abriram os portões colocando o cavalo para dentro. Depois de muita celebração, os troianos foram atacados pelo exército grego , que entrou na cidade graças aos portões abertos por guerreiros que estavam escondidos no cavalo.
Presente de grego é uma referência ao cavalo de Tróia, descrito na Ilíada de Homero como um artefato colocado junto aos portões da sitiada, mas resistente Troia. Os troianos consideraram o cavalo um tributo da Grécia, admitindo sua derrota após 10 anos de guerra e abriram os portões colocando o cavalo para dentro. Depois de muita celebração, os troianos foram atacados pelo exército grego , que entrou na cidade graças aos portões abertos por guerreiros que estavam escondidos no cavalo.
Cavalo de Tróia passou também a dar nome a um vírus de computador
que você “convida” a entrar no sistema ao clicar em algum programa contaminado.
Uma vez dentro, o vírus faz miséria.
Não sou contra doces. Minha mãe faz um em toda festa de
aniversário da família, parecido com uma palha italiana, que chamamos de “quero
mais”. Quem leu o livro sabe que, no exercício da liberdade adquirida pela
saúde física ,social e mental, os doces estão no contexto.
Mas não estou em guerra com o açúcar. Não tenho resistência à
insulina. Meu pâncreas não está produzindo rios desse hormônio para tentar
equilibrar sem sucesso a glicose no meu sangue. Não estou obeso.
Se estivesse, jamais faria isso com meu corpo. Enxergaria o
doce como um inimigo, e se estivesse tentador, como um cavalo de Tróia. Se eu
colocar para dentro, vou me sentir em festa, e depois serei destruído.
Recupere sua saúde, siga minhas dicas do tratamento pelas
raízes, e resgate o direito de recolocar um doce eventual no roteiro de visitas
dietéticas, porque o problema não está nos gregos, está na guerra, o problema
não está no açúcar, mas na capacidade do seu corpo em processá-lo. Visite os
doces e manterá a paz com ele. Torne-o um remédio para ansiedade, frustação,
vida amarga, e em breve ele entrará em guerra não declarada com você. Será
convidado a entrar, e uma vez dentro, te destruirá.
sábado, 28 de setembro de 2013
TEMPEROS E BOA VONTADE
Já falamos da diferença entre força
de vontade e boa vontade, e como a última é bem mais eficiente na construção de
uma identidade saudável.
Apesar de ser francamente a favor das
visitas gastronômicas como parte da saúde familiar, social, mental, na maior
parte do tempo o nosso corpo precisa de alimentos com pouca gordura,
carboidratos que sejam lentos na sua absorção, legumes, e hortaliças para
obtermos as fibras, vitaminas e minerais de quem é expert nisso, e ficou ligado
à terra absorvendo esses nutrientes para depois generosamente nos ofertá-los.
Então um típico almoço é constituído
de uma proteína magra, salada, legumes e um carboidrato como arroz integral. O jantar,
a mesma coisa. Entre eles, frutas, iogurtes, cereais.
- Mas Dr. Gusmão, estou enjoado de comer
frango com legumes no jantar.
Vamos lá.
Primeiramente, quem está construindo
uma identidade consciente de que o maior prazer é a saúde, chega em casa
relaxado porque respirou e meditou ao longo do dia, sem fome porque lanchou frequentemente,
beija a família porque o exercício do amor traz mansidão e diminui a ansiedade.
Isso tudo já seria boa vontade.
Agora chegar em casa estressado do trabalho,
do trânsito, morrendo de fome, já entrar reclamando de alguma coisa e depois
disso comer uma sopa é dose para leão. Como diria Sun Tzu, foi para a guerra
sem conhecer o inimigo. Deixou-o monstruosamente forte. Se vencer, será uma
vitória temporária, irritante, sacrificante, que só colocará na conta os juros
para da próxima vez arrebentar com tudo.
- Ok, Ok, já entendi. Franguinho com legumes,
então...
Ôpa. Olha o título do artigo.
A boa vontade está nos temperos.
Ontem jantei filé de frango grelhado,
arroz integral e purê de abóbora.
Gosto. Gosto tanto pelo sabor quanto pelo
bem que me faz. Sinto a força embutida naqueles alimentos e quantas alegrias me
permitirão viver por ter esse carinho comigo mesmo. O prazer em comer só ligado
ao paladar é pouco inteligente, diria até pouco intuitivo. Muitos animais
rejeitam determinados alimentos porque ao farejá-los percebem alguma coisa
errada. Quando você está comendo alguma coisa vorazmente, joga um pedaço para o
cachorro, ele cheira e se afasta, por favor, jogue o resto do seu prato fora.
Mas vá lá, deixa de ser chato Dr. Gusmão. Vamos mudar um pouco.
Que tal ter uma prateleira de especiarias? Muitas delas são
além de saborosas, funcionais. Anti-infecciosas e antitumorais como o açafrão
da índia e sua curcumina, ótimas para a saúde cardiovascular como várias
pimentas e sua capsaicina, isso para não falar do gengibre, canela, noz
moscada, açafrão, alecrim, entre tantos...
Uma ponta de colher de mostarda francesa no frango, um
pouquinho de curry ou pimenta rosa nos legumes e "voilá"! Parece que
o Claude Troigros passou por ali e deixou aquele seu pratinho sem graça uma
"marravilha"!
Então não pense duas vezes. Da próxima vez que passar em um
supermercado ou delicatessen, conecte-se com o universo dos temperos.
E se a fome é o melhor tempero para a comida...
A SAÚDE É O MELHOR TEMPERO DA
VIDA.
LANÇAMENTO NA LIVRARIA ARGUMENTO
Queria agradecer imensamente pela noite de ontem, que jamais esquecerei. Espero mostrar-me digno do carinho e confiança de tantos, e expressar meu forte desejo de prosseguir escrevendo, falando e tratando da saúde dos que entram em contato comigo, pelos canais atualmente disponíveis e por outros que espero, ainda virão.
A quantidade de mensagens e e-mails sobre o livro é muito emocionante.
Muito grato.
Deni, Eu, Tatá, Bu, Xuca e Mami.
A quantidade de mensagens e e-mails sobre o livro é muito emocionante.
Muito grato.
Deni, Eu, Tatá, Bu, Xuca e Mami.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
EXERCÍCIOS ABDOMINAIS TIRAM A GORDURA DA BARRIGA?
Célebre pergunta.
Emagrecer tira gordura da barriga, assim como do resto do corpo.
Fazer exercícios é uma das ações necessárias para o corpo emagrecer, ou seja, abrir mão dessa reserva energética estocada na cintura entre outros lugares .
Mas se o estresse estiver alto, fica mais difícil.
Se a alimentação for ruim, improvável.
Se o sono , interrompido, e a hidratação, falha, duvidoso.
Se estiver tudo errado, pode fazer 3000 abdominais por dia que a gordura não te larga.
Agora, vai ficar com uma bela musculatura por baixo da pança. Pena que não vai dar para ver.
Desde 1971, quando pesquisadores da California evidenciaram que tanto o braço dominante quanto o não dominante de tenistas tinham o mesmo percentual de gordura, sabe-se que não existe essa estória de perda de gordura localizada.
Está fazendo aula de ginástica localizada? É para a musculatura, e vai fazer o corpo perder gordura como um todo.
Raciocinem. O músculo trabalha à base de glicose. A gordura que está do lado do músculo não vai se transformar em glicose pela proximidade, qualquer reserva de gordura pode contribuir para energizar aquela contração. Inicialmente as reservas de glicose do próprio músculo são utilizadas, depois começa a haver também transformação de gordura em açúcar.
Pessoas que fazem exercícios muito localizados na tentativa de queimar gordura aonde incomoda, acabam recrutando poucas fibras no trabalho. Mas na verdade quanto maior o número de unidades motoras musculares trabalhando, maior o gasto energético, maior a queima de calorias e gordura. Mais importante que isso, é saber que não é na academia que se emagrece. Lá estimulamos a criação de um metabolismo mais quente, rápido, que vai gastar mais energia e perder mais gordura nas horas do dia e da noite em que você NÃO está na academia.
Vejam:
Sempre que sobram calorias, essas são transformadas em estoque energético estratégico .
O Abdome é um dos pontos geneticamente preferidos para essa poupança se estabelecer. Se forma rapidamente, e é difícil de sair completamente . É a guarda de honra, a última linha de defesa dos economistas do reino metabólico. Dietas radicais tendem a gerar flacidez, cansaço, e se a barriga diminui, nunca some . E quando a dieta enjoa, ela volta em passo doble.
Gerando intensidade, trabalhando muitas unidades motoras, e observando as outras raízes da saúde tratadas no início, suas chances de perder as gorduras localizadas aumentam muito.
Serenidade.
Alimentação saudável sem neurose .
Hidratação frequente.
Sono restaurador.
Atividade intensa e mobilizadora de um grande número de unidades contráteis. Faça valer cada treino, mostre para seus genes do que seu corpo precisa.
Contra a gordura localizada, saúde generalizada.
Emagrecer tira gordura da barriga, assim como do resto do corpo.
Fazer exercícios é uma das ações necessárias para o corpo emagrecer, ou seja, abrir mão dessa reserva energética estocada na cintura entre outros lugares .
Mas se o estresse estiver alto, fica mais difícil.
Se a alimentação for ruim, improvável.
Se o sono , interrompido, e a hidratação, falha, duvidoso.
Se estiver tudo errado, pode fazer 3000 abdominais por dia que a gordura não te larga.
Agora, vai ficar com uma bela musculatura por baixo da pança. Pena que não vai dar para ver.
Desde 1971, quando pesquisadores da California evidenciaram que tanto o braço dominante quanto o não dominante de tenistas tinham o mesmo percentual de gordura, sabe-se que não existe essa estória de perda de gordura localizada.
Está fazendo aula de ginástica localizada? É para a musculatura, e vai fazer o corpo perder gordura como um todo.
Raciocinem. O músculo trabalha à base de glicose. A gordura que está do lado do músculo não vai se transformar em glicose pela proximidade, qualquer reserva de gordura pode contribuir para energizar aquela contração. Inicialmente as reservas de glicose do próprio músculo são utilizadas, depois começa a haver também transformação de gordura em açúcar.
Pessoas que fazem exercícios muito localizados na tentativa de queimar gordura aonde incomoda, acabam recrutando poucas fibras no trabalho. Mas na verdade quanto maior o número de unidades motoras musculares trabalhando, maior o gasto energético, maior a queima de calorias e gordura. Mais importante que isso, é saber que não é na academia que se emagrece. Lá estimulamos a criação de um metabolismo mais quente, rápido, que vai gastar mais energia e perder mais gordura nas horas do dia e da noite em que você NÃO está na academia.
Vejam:
Sempre que sobram calorias, essas são transformadas em estoque energético estratégico .
O Abdome é um dos pontos geneticamente preferidos para essa poupança se estabelecer. Se forma rapidamente, e é difícil de sair completamente . É a guarda de honra, a última linha de defesa dos economistas do reino metabólico. Dietas radicais tendem a gerar flacidez, cansaço, e se a barriga diminui, nunca some . E quando a dieta enjoa, ela volta em passo doble.
Gerando intensidade, trabalhando muitas unidades motoras, e observando as outras raízes da saúde tratadas no início, suas chances de perder as gorduras localizadas aumentam muito.
Serenidade.
Alimentação saudável sem neurose .
Hidratação frequente.
Sono restaurador.
Atividade intensa e mobilizadora de um grande número de unidades contráteis. Faça valer cada treino, mostre para seus genes do que seu corpo precisa.
Contra a gordura localizada, saúde generalizada.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
PERCA ATÉ 10 QUILOS EM 1 MÊS
Ahá!!! Quis logo
olhar, não é?
Quem me conhece desconfiou, e quem não me conhece, quis saber.
O título traz uma das inúmeras formas de enganação para se
aproveitar do desespero alheio e vender alguma coisa.
E não é só para emagrecimento:
“Ganhe até 100 reais por dia trabalhando em casa”,
“Aumente sua testosterona em até 800% com uso do suplemento XXX!”
“Queime até 800 calorias por dias com...”.
“Perca até 5 cm de cintura com a cinta...”.
O que tem em comum nessas chamadas?
O até.
Digamos que 500 pessoas usem um suplemento e dosem sua
testosterona. A imensa maioria não apresenta nenhum aumento ou o mesmo é irrelevante
em relação a um grupo controle, que tomou pílula de farinha e dosou o hormônio.
Mas teve um indivíduo, no meio do pessoal, que por alguma circunstância peculiar,
teve um aumento de 800%. Pronto, o fabricante se vê no direito de usar uma
exceção como propaganda, já que ele não está mentindo quando diz que, se você usar
pode ser que tenha o mesmo resultado daquele indivíduo.
Para corrigir essas distorções e dar credibilidade a uma informação é que existe tratamento estatístico.
Colocar os resultados em uma curva, fazer testes de
relevância e chegar à conclusão se aquela substância tem ou não eficácia no que
se propõe.
Não sei se alguém já ouviu o termo “ponto fora da curva”, mas
ele é justamente usado para indicar uma aberração, uma exceção à maioria. Quando
dispostos, os dados formam uma curva em forma de sino, ou curva de Gauss, e a aberrância fica fora dela.
Mas, na esperteza da publicidade mal intencionada, é “pescada”
e usada como se fosse a mais provável.
Com essa lógica em mente, então, vamos lá:
- Ganhe até 50 milhões de reais jogando na Mega – Sena.
É mentira? Não . Mas é provável? Claro que não.
Fiquem de olho e não deixem o desespero levá-los às mãos dos
picaretas.
Use as capsulas Keimabanha e , em apenas 1 mês, perca 30 dias.
Use as capsulas Keimabanha e , em apenas 1 mês, perca 30 dias.
domingo, 22 de setembro de 2013
O ACARAJÉ E EU
Meados da
década de 70. Meu pai era vivo ainda. Passávamos todas as férias de final de
ano em Salvador, com a família de minha mãe, baiana.
Família típica
nordestina, festiva, carinhosa. E grande. Minha mãe tinha duas irmãs e nove
irmãos (ela é viva, mas alguns tios já se foram), uma infinidade de primos.
Tinha mais afeição pelo meu primo Cascão, apelidado assim
pela afinidade com os hábitos de higiene do personagem de Maurício de Souza.
Cascão tinha sido criado solto nas ruas de Itapuã, e quando eu, garoto urbano
de colégio católico passava uns dias por lá, me sentia o próprio capitão de
areia.
Saíamos
descalços pelas ruas do bairro baiano, cedo, sem um tostão no bolso.Uma fruta
na barraca de Dona Fia, uns pedaços de beiju de coco na tenda de Seu Firmino, e
toca pra praia. Passava o menino do picolé, víamos se tinha um “boiadinho”,
picolé semiderretido que ninguém mais ia comprar, mas era puro deleite para
nós.
Não sabia o que
me excitava mais. Os sabores das iguarias, sobreviver sem dinheiro, a
liberdade, o banho de mar com aquela água morninha, a brisa eternizada em canção de uma tarde em Itapuã...
Final do dia, íamos à barraca da baiana perto
do farol, descolar um acarajé. Ou pelo menos uns pedacinhos de massa, que ela
colocava no tacho com dendê fervendo e depois nos servia em guardanapos de
papel encerado. Se sobrassem vatapá e camarão seco, aí era
completo. Glória, meu Pai celeste, vixe...
Outro dia
saindo do consultório fui pegar o carro e senti o aroma do acarajé. Procurei e
achei uma barraca na esquina, perto da Cobal de Botafogo, onde um baiano, sim,
baiano com “O” no final, preparava um acarajé que parecia delicioso.
Pedi uma
prova da massa, entendido que sou, acarajé massudo não como, tem que estar
crocante... Estava. Hmmmm, pedi um completo.
Massa de
feijão fradinho descascada , misturada com sal, frita no óleo de dendê
fervendo, com vatapá , camarão seco e um tico de pimenta, suficiente para ser
notada mas não muito, para não anular os sabores.
À primeira
mordida, mergulhei no meu passado, de olhos fechados, me vi ali em pé, no farol
de Itapuã, só de short, pé imundo , sem camisa, pele queimada de sol e
esbranquiçada de sal.
- DOUTOR
GUSMÃO, O SENHOR COME ISSO???
Abri meus
olhos, trazido bruscamente à realidade, e me deparei , ali naquela esquina
escondida e até algo escura, com um paciente .
- Não tinha
como explicar naquele momento toda a simbologia daquela refeição, e na verdade
nem queria, até porque o acarajé iria esfriar.
Disse a ele
que esclareceria tudo na nossa próxima consulta, mas que naquele momento eu era
exclusivo do acarajé. Ele riu meio sem entender, mas felizmente depois tivemos
a oportunidade de conversar sobre isso, e até hoje damos boas risadas quando
tocamos no assunto .
Do ponto de
vista do Nutrólogo, o acarajé é realmente um quitute complicado. Quase 600
Kcal, fritura na imersão em um óleo que tem muita gordura saturada e fica
queimando por muito tempo em alta temperatura, o que aumenta seu potencial
inflamatório. Minha consciência ecológica também se incomoda, já que milhares de
litros desse óleo são jogados nos ralos e galerias pluviais, quando poderiam
ser reciclados em sabão ou biodiesel.
Se alguém me
perguntar se eu recomendo acarajé no dia a dia da sua nutrição, claro que vou
dizer que não.
Mas se você
for à Bahia, provar um acarajé está no roteiro das visitas gastronômicas que tanto
falo que fazem parte de nossa saúde social e cultural.
Para mim,
ainda é muito mais do que isso.
Tenho um
corpo saudável, sou feliz, pratico esportes, creio que possuo total
capacidade de processar um acarajé que me visita trazendo lembranças tão
ternas. Estou certo que o bem que o bolinho fez à minha alma, trazendo de
volta por alguns mágicos instantes a beleza daquelas minhas tardes em Itapuã, superam
em muito a forcinha que meu sistema digestivo há de fazer para gerenciar aquilo
tudo. Até porque sabe que no dia seguinte, será premiado como sempre com o que
há de melhor para o seu bem-estar .
Lambi os
beiços, paguei, agradeci, e fui para o carro lembrando das areias brancas e das
águas escuras da lagoa do Abaeté, do sorriso franco do meu avô Deraldo, do
coração infinito de minha avó Maria... Estômago cheio, coração pleno, alma
leve, olhos lacrimejantes e nos lábios um assovio:
- Passar uma tarde em Itapuã, ah o sol que arde em Itapuã...
A ARTE DA GUERRA CONTRA OS MAUS HÁBITOS
Sun Tzu foi um general, estrategista
e filósofo chinês que viveu alguns séculos antes do nascimento de Cristo. Seu
maior legado foi o livro “A arte da guerra”, um compêndio filosófico/estratégico
que, sempre reverenciado na Ásia, ganhou notoriedade na civilização ocidental a
partir do século XIX. A sabedoria contida em suas páginas extrapolou os mais
óbvios usos militares e passou a aconselhar as mais variadas situações. Se como
já dizia Gonçalves Dias: “A vida é luta renhida, viver é lutar”. “A vida é
combate, que os fracos abate, que os fortes e os bravos só pode exaltar”, no belíssimo poema "Canção do Tamoio”, nada como um pouco de aconselhamento
para nos ajudar a planejar nossa tática para vencer essa contenda.
Existem 2 passagens em “ A arte da guerra”
que aprecio muito, e uso como referência nas analogias que faço para ajudar a
compreensão dos caminhos que levam à saúde:
1)“Se conheces a ti mesmo e ao inimigo, não te preocupe com o resultado das batalhas. Se conheces a ti mesmo, mas não conheces o inimigo, ganhará algumas e perderás outras. Se não conheces nenhum dos dois, perderás sempre”.
1)“Se conheces a ti mesmo e ao inimigo, não te preocupe com o resultado das batalhas. Se conheces a ti mesmo, mas não conheces o inimigo, ganhará algumas e perderás outras. Se não conheces nenhum dos dois, perderás sempre”.
A grande questão a ser refletida, é
quem é o inimigo na luta pela conquista da saúde, leveza, bem estar e
felicidade. Seria o estresse? A má alimentação? O sedentarismo? Ou alguma das
outras raízes das quais sempre falo?
Vamos então travar luta contra a
inércia, a ansiedade, e outros?
Mas a inércia nos é imposta? A
angústia, inevitável? A alimentação desregrada, inexorável? Não sou eu quem se
deixa paralisar, quem se entrega à turbulência mental, quem busca na
alimentação compensação imediata para meus dissabores? Quem sou eu, então, e o
inimigo, senão a mesma pessoa?
- Estava fazendo exercícios, mas torci o tornozelo... (E o
resto do corpo?).
- Casei, saí da casa de minha mãe, agora só como fora, não
tenho tempo nem sei cozinhar. (Ah, então claro, está condenado a comer fast
food, doces e biscoitos até a morte).
- Meu chefe é insuportável, meu trabalho, excessivo, não
aguento a tensão... (Aceito, portanto, a inevitabilidade do envelhecimento
precoce e da desintegração de meu bem-estar) .
Saiba que ao mesmo tempo em que você
quer ganhar a luta, tem uma parte sua que sabota, se entrega, paralisa-se
diante das dificuldades, tornando a saúde um território em constante disputa de
posse. Por vezes, o susto com o peso, exames, o medo de ficar doente ou
perecer, o tornam forte por algum tempo, e há um avanço, mas não uma conquista.
Quer fincar sua bandeira, consolidar
sua posse, primeiro vença o inimigo. Seu
lado fraco, preguiçoso, entregue, desanimado, cansado, sabotador.
O que nos leva à segunda passagem que gosto muito no livro de
Sun Tzu:
2)A
suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar.
No livro, dou vários exemplos sobre a
diferença de força de vontade e boa vontade. Deixar-se mergulhar em estresse
elevado e contínuo, chegar em casa e comer sopa porque está de dieta é lutar. É
depender de força de vontade. Um dia vence, outro dia não. Como dizia Tzu, você
não conhece seu inimigo ainda.
Se durante um dia difícil você exercita
a serenidade, visita momentos de quietude mental, respira, se alimenta bem,
porque se ama mais do que por qualquer outro motivo, porque ama sua família,
amigos e quer construir muitas e belíssimas memórias junto a eles, então a
força será desnecessária, e seu inimigo, derrotado sem luta. Porque ele não
chega a criar corpo, forma e potência.
Não deixe seu inimigo interno fortalecer-se. Preserve-se, tenha carinho e compreensão consigo mesmo e com outros que ainda não têm a sua lucidez. Mas deixe o estresse te dominar, alimente-se mal, não faça atividade física, intoxique-se com a desculpa de compensar-se, não interaja com a família, os amigos e a natureza, e seu inimigo ficará cada vez mais forte, e a saúde, uma área desocupada.
Não deixe seu inimigo interno fortalecer-se. Preserve-se, tenha carinho e compreensão consigo mesmo e com outros que ainda não têm a sua lucidez. Mas deixe o estresse te dominar, alimente-se mal, não faça atividade física, intoxique-se com a desculpa de compensar-se, não interaja com a família, os amigos e a natureza, e seu inimigo ficará cada vez mais forte, e a saúde, uma área desocupada.
Como o próprio Tzu dizia, “Lembre-se: você é seu próprio general. Então, tome agora
a iniciativa, planeje e marche decidido para a vitória".
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
OS SISTEMAS E SEUS PROBLEMAS
Visão holística.
Quem leu o livro já sabe que somos mais do que a soma de nossas partes.
E que nossas partes são afetadas por problemas nas raízes de nossa saúde.
Cada macaco no seu galho, e cada galho com seu especialista.
Mas todos os galhos vem da mesma planta, que tem a mesma raiz.
Tenha uma consciência maior de seus sistemas, e dos problemas que mais os afetam quando as raízes da saúde estão comprometidas. Quando o sono é ruim, o estresse, alto; a alimentação, pobre; o movimento , escasso; a hidratação, insuficiente.
Vamos de cima para baixo:
SISTEMA NERVOSO- Ansiedade, depressão, insônia.
SISTEMA DIGESTIVO- Refluxo, gastrite, má digestão, intestino irritável, prisão de ventre, gordura no fígado .
SISTEMA CARDIOVASCULAR- Hipertensão arterial, palpitações, varizes , colesterol elevado.
SISTEMA RESPIRATÓRIO - Rinite, tosse, rouquidão, sinusite, gripes frequentes .
SISTEMA IMUNOLÓGICO - Retenção de líquido, inflamações, alergias, infecções recorrentes( herpes, impetigo, furúnculos) , eczemas .
SISTEMA URINÁRIO- Cálculos, infecção urinária recorrente, retenção de líquidos .
SISTEMA OSTEO-ARTICULAR E MÚSCULO-ESQUELÉTICO - Dor lombar, projeções e hérnias, lesões em joelhos , susceptibilidade muscular à injúria, osteopenia, osteoporose.
SISTEMA ENDÓCRINO - Distúrbios na tireóide, doenças auto imunes, resistência à insulina, diabetes, síndrome metabólica , queda de libido .
SISTEMA TEGUMENTAR - Queda de cabelo, pele ressecada, unhas quebradiças.
SISTEMA REPRODUTOR - Dificuldade em engravidar ou sustentar gravidez, diminuição da fertilidade, queda da libido ( envolvido no endocrino e nervoso também) .
Esses são apenas os problemas mais comuns no dia a dia do consultório. Isoladamente, já são um transtorno, mas combinados então...
Da próxima vez que tiver um sintoma, questione-se sempre sobre a origem dele. A manifestação sintomática geralmente é a expressão de um desequilíbrio mais profundo.
Trabalhe bem suas raízes, e terá menos problemas na periferia.
Quem leu o livro já sabe que somos mais do que a soma de nossas partes.
E que nossas partes são afetadas por problemas nas raízes de nossa saúde.
Cada macaco no seu galho, e cada galho com seu especialista.
Mas todos os galhos vem da mesma planta, que tem a mesma raiz.
Tenha uma consciência maior de seus sistemas, e dos problemas que mais os afetam quando as raízes da saúde estão comprometidas. Quando o sono é ruim, o estresse, alto; a alimentação, pobre; o movimento , escasso; a hidratação, insuficiente.
Vamos de cima para baixo:
SISTEMA NERVOSO- Ansiedade, depressão, insônia.
SISTEMA DIGESTIVO- Refluxo, gastrite, má digestão, intestino irritável, prisão de ventre, gordura no fígado .
SISTEMA CARDIOVASCULAR- Hipertensão arterial, palpitações, varizes , colesterol elevado.
SISTEMA RESPIRATÓRIO - Rinite, tosse, rouquidão, sinusite, gripes frequentes .
SISTEMA IMUNOLÓGICO - Retenção de líquido, inflamações, alergias, infecções recorrentes( herpes, impetigo, furúnculos) , eczemas .
SISTEMA URINÁRIO- Cálculos, infecção urinária recorrente, retenção de líquidos .
SISTEMA OSTEO-ARTICULAR E MÚSCULO-ESQUELÉTICO - Dor lombar, projeções e hérnias, lesões em joelhos , susceptibilidade muscular à injúria, osteopenia, osteoporose.
SISTEMA ENDÓCRINO - Distúrbios na tireóide, doenças auto imunes, resistência à insulina, diabetes, síndrome metabólica , queda de libido .
SISTEMA TEGUMENTAR - Queda de cabelo, pele ressecada, unhas quebradiças.
SISTEMA REPRODUTOR - Dificuldade em engravidar ou sustentar gravidez, diminuição da fertilidade, queda da libido ( envolvido no endocrino e nervoso também) .
Esses são apenas os problemas mais comuns no dia a dia do consultório. Isoladamente, já são um transtorno, mas combinados então...
Da próxima vez que tiver um sintoma, questione-se sempre sobre a origem dele. A manifestação sintomática geralmente é a expressão de um desequilíbrio mais profundo.
Trabalhe bem suas raízes, e terá menos problemas na periferia.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
CRIANÇAS:MESTRES DA FELICIDADE
Caminhava outro dia desses, indo para
o consultório, e à minha frente tive a seguinte visão: Uma moça de branco,
provavelmente uma babá, parada na rua com uma das mãos apoiada em um carrinho
de bebê, e a outra segurando um celular, onde observava alguma coisa,
provavelmente rede social, e um rapaz vindo em nossa direção, também com celular
nas mãos, teclando com os dois polegares com destreza admirável.
Quando vejo alguém vindo em minha
direção batucando em um celular, geralmente paro e espero, já que aquela pessoa
não está conectada à mesma dimensão do que eu, e uma colisão frontal é sempre
muito arriscada. Atravessar a rua digitando textos já é proibido em muitas
cidades pelo mundo afora, tal a quantidade de acidentes que gera. Dirigindo
então, chega a ser pior do que beber. Já
imagino algum tipo de lei seca para isso, onde o policial perguntará:
- O Sr. estava teclando e dirigindo?
- Não Sr. policial, claro que não,
imagina.
- Por favor, me acompanhe e traga seu
celular. Hmm, quem postou no face há um minuto “Chego em 5 minutos”?
- Não fui eu, foi a Siri, minha
secretária eletrônica.
- Amigo, isso só tem no Iphone, esse
celular aqui é Hiphone de camelódromo.
- Poxa...mas tem face...
- Silveira! Grita o policial. Leva
esse aqui também! Celular apreendido,
multa, curso de educação no trânsito
Mas lá vai minha imaginação me
afastando do ocorrido.
Bem, o cara passou, nem me viu
encostado no muro olhando para ele, e seguiu em frente.
Aproximei-me do carrinho, e ouvi o
som das gargalhadinhas inconfundíveis de uma bebê se divertindo. Sorri para a
moça de branco, que deu um micro sorriso daqueles só para não parecer grossa ,
com o cantinho da boca, e continuou fuçando o celular.
O bebê era uma coisa.
Ria do movimento dos próprios dedos.
Toda a vez que mexia as mãos, gargalhava.
Divertia-se com uma das coisas mais
simples. Maravilhava-se com o movimento dos seus dedinhos.
Encantar-se com o simples, enxergar
beleza no que é comum, é uma lição que as crianças tentam nos ensinar diariamente.
Para nós adultos, os professores, com
nossos cérebros cada vez mais ocupados e insaciáveis, pedindo excessos e intensidade
para não sentirem-se deprimidos e angustiados, aprender a empolgar-se com o que
nos cerca , nos provê uma ferramenta poderosíssima contra a ansiedade, a
insipidez, contra a percepção da vida em preto e branco.
Quando você chegar em casa cansado e
seu filho de três anos falar :
- Papai, olha a formiguinha!!!
Por favor, vá olhar a formiguinha.
Deite-se no chão com ele , e aprecie
mais do que a formiguinha, mas o encantamento dele com o simples.
- Filho, o que tem a formiguinha?
- Ela está indo para a casa dela,
papai, está levando um troço grandão nas costas, quer dizer, deve estar pesado,
né? Olha lá...Será que ela vai conseguir?
Uma formiguinha carregando um micro
graveto torna-se uma aventura épica .A de um cidadão de uma comunidade fazendo
sua parte pelo bem comum. Mas quando você se mostra insensível ao entusiasmo da criança, está não só deixando de aprender
com o mestre, mas contribuindo para que ele deixe de crer que o que vê é
extraordinário. Em vez de se contagiar com a sabedoria infantil , a contamina com sua
insensibilidade, com sua indiferença ao que lhe parece banal.
Quem quer ser um alquimista que
transforma ouro em cinzas?
As pessoas me procuram para
emagrecer, controlar a pressão, ter menos dores, parar de sofrer.
Um bom começo?
Aprendam com as
crianças.
Até porque, todos nós em algum momento já fomos mestres, então
é só fazer uma forcinha para tirar o pó da frente que nos lembraremos .
domingo, 15 de setembro de 2013
BRIGANDO COM A BALANÇA
Esse é um termo que ouço com extrema frequência no
consultório:
- Doutor, passei a vida toda brigando com a balança...
Quem tem sobrepeso e briga com a balança é como quem tem
hipertensão e briga com o tensiômetro, ou quem tem diabetes e briga com o
aparelhinho monitor de glicemia.
Está culpando a janela pela paisagem que vê.
Os aparelhos são meros aferidores, que irão refletir o que
está se passando na sua vida. Não têm poder nenhum sobre ninguém, e apesar
disso quantos evitam encará-los, para não se assustarem com o que verão ?
Morrem de medo da balança, nem querem saber quanto está a pressão...
Se ao chegar do trabalho, cansado e tenso, medir a pressão
provavelmente vai mostrar um resultado mais alto, experimente permanecer com o
aparelho, fazer exercícios respiratórios como os indicados no livro, aguardar 5
minutos e apertar o botãozinho de novo. Garanto que a pressão arterial e a
frequência cardíaca estarão menores. Além de prova cabal de que o relaxamento
facilita o trabalho cardíaco, pense em quantas vezes ao longo do dia, por não
fazer as respirações em momentos tensos, você deixa o coração em um grau de
esforço muito maior do que o necessário. Da próxima vez que estiver preso no
trânsito, não bufe, respire... Pense no seu coração...
Dormindo melhor, serenizando-se quantas vezes forem
necessárias ao longo do dia, mantendo uma alimentação leve e o pensamento
otimista e positivo, sua leveza passará de dentro para fora e a balança só
mostrará isso como simples aferidora que é... Mude o invisível para mudar o
visível.
Se a paisagem está ruim, você tem algumas opções:
- Fechar a janela, não aferindo nada, na verdadeira tática de
avestruz, enterrando a cabeça para não ver o que está errado;
- Fazer um esforço enorme para mudar a paisagem, enquanto as
condições não ajudam, como por exemplo, plantar flores em solo árido, ou
construir decorações que irão desabar com a constante ventania, como uma pessoa
que se engaja em regime radical por algum tempo enquanto seu humor, sono,
sedentarismo, não são mexidos...
- Construir sua casa em outro endereço. Com uma bela paisagem, onde a temperatura é
amena, o solo fértil, a brisa suave, e abrir a janela, sempre um prazer.
sábado, 14 de setembro de 2013
ACOMPANHAR POR E-MAIL
Para quem quer saber as novidades do blog mas não quer visitá-lo frequentemente para checar se há ou não alguma , existe a opção "seguir por e- mail" , no início da página, Cadastrando seu e-mail, sempre que eu postar algum artigo novo ele será encaminhado ao seu endereço eletrônico.
Paulo.
Paulo.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
PRIMEIRO CAPÍTULO DE SAÚDE : O MAIOR DOS PRAZERES
Era uma
típica tarde de verão carioca. Quente, abafada, antevéspera do Natal de 1979.
Eu tinha 15 anos, estava deitado no sofá da sala vendo TV, e
pelo canto da tela se viam refletidos alguns enfeites da árvore. Estava bem distraído, quase dormindo, passava um daqueles filmes da “Sessão da tarde” sobre Papai Noel, quando ouvi minha mãe gritando o meu nome:
pelo canto da tela se viam refletidos alguns enfeites da árvore. Estava bem distraído, quase dormindo, passava um daqueles filmes da “Sessão da tarde” sobre Papai Noel, quando ouvi minha mãe gritando o meu nome:
– Beto, corre aqui! (Beto vem do
Roberto de Paulo Roberto.)
Dei um pulo
e entrei no quarto dos meus pais, encontrando meu pai deitado imóvel em sua
cama e minha mãe o chamando pelo nome, esfregando carinhosamente a mão em seu
peito.
Meu pai não
reagia.
Aproximei-me,
percebi que minha mãe chorava e que meu pai permanecia inerte, com os olhos
ligeira e estranhamente entreabertos.
– Meu filho,
corre, consegue um socorro, chama alguém, pelo amor de Deus!
Corri até o
interfone, liguei para o porteiro, pedi ajuda e voltei para o quarto.
Percebi que
meu pai não respirava, então tentei começar a reanimá-lo, fazendo aquilo que
tinha visto em filmes... Comecei uma respiração boca a boca, mas achava que se
expirasse o ar dos meus pulmões nos dele, meu gás carbônico é que iria entrar,
então só enchia as minhas bochechas o mais que podia, com um ar que eu achava
que era o mais puro, e soprava através de sua boca. Vi que isso não adiantava,
pois seu tórax não se expandia, então depois de umas três ou quatro tentativas,
expirei a plenos pulmões. Uma parte do ar saiu pelo nariz, então fechei suas
narinas e tentei novamente. Já se passavam cinco minutos quando o sindico do
prédio entrou no quarto, começou a fazer massagem cardíaca e disse que tinha
chamado uma ambulância.
Meu pai não
reagia.
Um pouco de
sangue começou a sair da gengiva dele, e achei que eu o estava machucando com
minha inexperiente reanimação, então parei... Já se passavam mais de quinze
minutos, e minha mãe, em desespero, me mandou descer e ir buscar médicos em uma
clínica que ficava a trinta metros do meu prédio.
Antes de
sair, encontrei minha irmã, que chorava na sala, e perguntei a ela:
– Será que o
papai morreu?
Ela
respondeu:
– Nem fala
isso, Beto, nem fala isso...
Quando
cheguei à portaria, a equipe da ambulância estava subindo as escadas de acesso
ao hall dos elevadores.
Aliviado,
abri rapidamente a porta, e enquanto estávamos subindo, eles me perguntaram:
– O que
aconteceu?
Respondi:
– Acho que é
um infarto...
Aluno
aplicado de biologia que sempre fui, tinha que escolher o termo técnico...
Argh! Bem, minha intenção ou pretensão era ajudá-los a perder menos tempo, já
que eu sabia desde criança que meu pai tinha problemas cardíacos e realmente
achava que se tratava de um infarto.
Eles
balançaram a cabeça...
Assim que
entraram no quarto, a primeira coisa que fizeram foi tirá-lo da cama e passá-lo
para o chão, coisa que só vim a entender anos depois, quando estudando
reanimação descobri que a massagem cardíaca não é eficaz quando a pessoa se
encontra em uma superfície flexível como a de um colchão.
Começaram as
compressões torácicas, a ventilação com uma bolsa ligada a uma bala pequena de
oxigênio, prepararam soro, desfibrilador.
Meu pai não
reagia.
Fecharam a
porta, e longos 15 minutos se passaram antes que a abrissem novamente.
Um dos
rapazes da equipe me olhou cabisbaixo, botou a mão em meu ombro, e disse-me que
sentia muito.
Meu pai
havia falecido.
Meu pai era
um sujeito sensacional, inteligente, de caráter impecável, austero e por vezes
até severo, porém sempre carinhoso e muito atento com os valores que deveria
passar para os filhos.
Mas era
negligente com a própria saúde.
Fumante por
trinta anos, só parou quando já estava gravemente hipertenso e com um infarto
aos quarenta anos de idade na bagagem. Sedentário, quanto mais fraco ficava o
coração e mais sofrido era cada esforço, mais parado ficava. Dormia tarde,
acordava tarde, reclamava do intestino, passava o dia comendo pouco ou nada,
beliscando um pãozinho ou biscoitinho, e de noite comia seu famoso bife
acebolado com arroz ou purê de batata. Não me lembro de ver meu pai comendo um
legume, uma fruta, uma salada. Não me lembro de meu pai saindo para se
exercitar. Recordo-me, sim, do medo que ele tinha de morrer e nos deixar
precocemente, perdidos sem sua orientação, mas infelizmente hoje vejo que esse
medo também o paralisava e o impedia de fazer o que era possível para melhorar
suas chances. Tinha medo de se aborrecer (se “aporrinhar”, como ele dizia), de
a pressão subir, de ir fazer exames e os médicos descobrirem alguma coisa,
tinha medo de ser internado, tinha medo...
Emociono-me
com as memórias que construí com ele, como me incentivou à leitura, sempre
trazia novos livros (e brinquedos, claro), meu quarto era praticamente uma
biblioteca. “Tesouros da juventude”, “Moby Dick”, “O Conde de Monte Cristo”,
“Robinson Crusoé”, “Os três mosqueteiros”, a obra infantil completa de Monteiro
Lobato, de Júlio Verne – meu pai, um fanático por ficção científica.
Ficava ao meu
lado enquanto eu lia, engajado ele mesmo na leitura de seus autores favoritos,
Arthur C. Clarke, Kurt Vonnegut , entre outros, sempre pronto para tirar minhas
dúvidas, me explicar o significado daquelas novas palavras, daqueles novos
mundos. Era meu dicionário, amoroso, ali pertinho de mim, assistindo e
incentivando o que eventualmente acabou se tornando um grande valor para mim, a
leitura. Fez-me amar os musicais de Hollywood, encantar-me com a leveza de Fred
Astaire e Ginger Rogers, com as traquinagens de Mickey Rooney, com a beleza
estonteante de Ava Gardner e Rita Hayworth, rir dos filmes mudos com Chaplin,
Buster Keaton, e vibrar com o Robin Hood de Errol Flynn. Deixou-me fã do Tarzan
de Weissmuller, do Flash Gordon, do gibi... Incentivou-me também na música, ele
que enquanto tinha fôlego tocava uma gaita harmônica de primeiríssima
qualidade. Deu-me minha primeira guitarra. Os meus últimos presentes daquela
árvore do Natal de 1979 foram um metrônomo, para ajudar no ritmo das minhas
aulas musicais, e um encordoamento importado para minha guitarra.
Grande
incentivador em relação a tudo que fosse ligado à cultura, também se preocupava
em forjar meu caráter, pelo exemplo e pelas lições (e às vezes pelas broncas),
sendo sempre correto, honrado, honesto, solidário, aplicado, carinhoso e
companheiro.
Meu pai era leve, mas tinha uma barriga
imensa, típica de quem come muito de uma vez só à noite, uma barriga que
assustaria qualquer cardiologista, mas que naquela época para mim era um
almofadão cheiroso (como era perfumada e lisinha a barriga do meu pai), onde me
aninhava e dormia... Gostava de apertar e cheirar aquela barriga,
principalmente logo que ele saía do banho, e me sentia como quando apertamos e
cheiramos nosso travesseiro preferido. Era o cheiro do meu pai... Eu adorava
colocar seus discos prediletos e depois me deitar com a cabeça naquela
barrigona, feliz ao ver seu pezinho batendo ritmado no compasso da orquestra...
Ria com ele
com os discos de Chico Anysio e Juca Chaves – apesar de serem um pouco pesados
para minha idade, ele deixava. Por vezes, eu nem entendia a piada, mas adorava
vê-lo feliz, rindo. Bem, mais tossindo do que rindo, o que naquela época para
mim era normal, mas de fato já alertava para a gravidade dos problemas
cardíacos.
Meu pai herói, militar treinado que um dia
matou com um tiro de rifle um morcego que entrou no meu quarto! Deu a ordem
para que eu me escondesse debaixo da cama de minha mãe, tirou o rifle do
armário, e alguns segundos depois, ouvi o estampido...
– Beto, pode
vir!
Excitado,
fui ver o corpo do morcego, os despojos da batalha épica... Nossa, que orgulho
de ser filho do meu pai!
Perder meu
pai não foi nada fácil.
Durante
muito tempo me perguntei se não teria ingressado na medicina para aprender o
que deveria ter feito para salvar meu pai... Nunca me culpei, era apenas um
adolescente, mas hoje vejo claramente que a questão não era o que eu poderia
ter feito no dia em que ele morreu, mas sim o que ele poderia ter feito
enquanto viveu.
Tive a
oportunidade durante minha carreira de participar de várias reanimações.
Algumas bem-sucedidas, outras não. Minha formação inicial como anestesiologista
me possibilitou atuar em momentos críticos e de alta responsabilidade, fossem
eles ressuscitações cardiorrespiratórias, fossem outras situações de
emergência, por incontáveis vezes.
A essas
alturas, poderia me sentir mais realizado, e se não podia voltar para salvar
meu pai, certamente salvaria outras vidas. Mas por algum motivo, algo me
faltava.
Sentia-me
ainda frustrado como médico. Participava de forma importante, mas muito breve,
na vida daquelas pessoas, e não me considerava
útil na promoção da saúde delas, apenas no tratamento de suas doenças.
Quando ingressei na nutrologia, já com dez anos de atuação médica em anestesiologia,
estava inspirado por uma meta diferente, e depois de algum tempo ficou clara
para mim a minha real vocação dentro da medicina.
Não quis ser
médico para aprender a “ressuscitar meu pai”. Quis sê-lo para ajudar a mudar a
trajetória de tantas pessoas que também negligenciam sua saúde e que podem
interromper sua história nessa vida prematuramente, ceifando de seus entes
queridos as memórias que ainda teriam para criar. Sim, tenho e entesouro as
minhas, mas gostaria tanto que meu pai pudesse ter acompanhado por mais tempo
minha doce mãe, que tanto o amava que jamais quis outro homem em sua vida; ter
visto a filha crescer e se tornar doutora, ter assistido a suas brilhantes
defesas de tese; ter convivido com seu neto sensível e amorosíssimo; que
conhecesse minha linda e querida esposa, também fã dos ícones dos anos 40 e 50;
que comesse as saladinhas maravilhosas que só minha enteada faz; que pudesse
ter longos papos comigo sobre tudo... Sinto falta tanto das conversas que tive
quanto das que deixei de ter, tanto que por muitos anos após ele falecer, nas
minhas orações noturnas, separava um tempo para bater papo com ele, e imaginar
o que ele responderia de volta. Como gostaria que ele estivesse aqui...
Mas não pôde
ser assim. Ele já não está conosco há mais de trinta anos. Morreu jovem, aos 56
anos de idade, antes que pudesse compartilhar nossa história, antes que pudesse
ser um personagem atuante de nossas aventuras...
Afinal,
podem perguntar, o que eu quero contando isso tudo?
Meu objetivo
com este livro não é ensinar alguma dieta milagrosa, nem prometer a perda de
dez quilos em trinta dias ou 10 cm de abdome em dois meses.
Meu objetivo
é inspirar você, leitor ou leitora, a cuidar da sua saúde, para que tenha a
oportunidade de viver e aproveitar uma vida longa e plena, escrevendo sua
história familiar, profissional, social, deixando memórias eternas no coração
dos que conviveram com você, dos que o amaram, o tanto e o quanto a vida assim
permitir.
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